DEPUTADA PAULA MOEDA: “CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DO TARRAFAL RECLAMA ATENÇÃO DIFERENCIADA”

 
Aos presentes neste Parlamento e a toda a Sociedade Cabo-verdiana que nos escuta a nível Nacional e pelo mundo fora!
 
Permitam-me neste período antes da ordem do dia trazer á reflexão e ponderação da nossa casa Parlamentar a questão da antiga Colónia Penal do Tarrafal, transformada em campo de concentração e conhecida por campo da morte lenta, que reclama por uma atenção diferenciada e por uma candidatura a Património Universal.
 
Todos neste Parlamento sabem do valor histórico e patrimonial do campo, não apenas para Cabo Verde, mas para Portugal, Guiné-Bissau, Angola e todos estão cientes da existência no local de um Museu da Resistência e de várias intervenções que têm vindo a ser feitas ao longo dos anos mas com eficácia ainda aquém do desejável, o que não abona a imagem do País, nem optimiza o potencial turístico desse Sítio Histórico.
 
Igualmente, quero crer ser do conhecimento de todos, o desígnio, anunciado há muito, de se promover a candidatura do campo a Património Universal da Humanidade, mercê do perfil que acumula como espaço de memória contra a “Barbárie” e em prol do Humanismo, tendo por exemplo a classificação Universal de outros campos nomeadamente na Polónia (Auschwitz).
 
Ocasião esta pródiga para perguntar ao titular da pasta sobre o estado da arte deste sítio Histórico que tanto marca a história de Cabo Verde e a memória colectiva de todos, aqui e além-mar.
 
Comemorámos há escassos dias o dia dos Heróis Nacionais, e muitos desses Combatentes por lá passaram, o que nos faz refletir mais sobre este lugar, bem como o recente falecimento do Presidente Mário Soares, personalidade que manteve preocupação permanente em relação a este Património, através da Fundação Mário Soares que tem dado uma atenção especial a este “monumento à memória histórica, não só dos países cujos filhos por lá passaram, mas de toda a Humanidade”, como disse Pedro Pires no âmbito do Simpósio Internacional sobre o campo de concentração do Tarrafal em 2009.
 
Os Cabo-verdianos precisam saber quais as próximas etapas para atingirmos tal desiderato e evocar a importância do seu legado histórico e, enquanto parlamentar, imponho-me atenção e acompanhamento deste dossier que, pela sua importância, não se poderá descontinuar. Aproveito para dizer que também me imponho ao dever de colaboração para que Tarrafal seja uma referência do turismo histórico e cultural do nosso País e o Povo do Tarrafal o guardião da História do Campo.
 
Antes de terminar, não posso deixar de estranhar o silêncio do Governo e das autoridades da Cultura em relação ao recente octogésimo aniversário da abertura da Colónia Penal do Tarrafal em 2016, facto que mereceu acto de memória noutras paragens. São 80 anos passados em que muitas vidas foram sacrificadas para que hoje estejamos nesta casa Parlamentar em pleno exercício da democracia. Não creio que tal esquecimento seja uma acção política premeditada ou uma pura falta de desvelo para com a nossa memória colectiva.
 
Bem hajam todos os que ofereceram a sua vida para Salvar Nações!
Ana Paula Moeda
23-01-2017  

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