Toda a sociedade cabo-verdiana já se deu conta de que o Governo do MPD está a governar para alguns, e não para o Povo de Cabo Verde que o elegeu.
Todos os cabo-verdianos já deram conta de que muitas das medidas do Governo do MPD, têm endereço certo, destinatário concreto e objectivos inconfessáveis.
O PAICV, na sequência da Conferência de Imprensa, de hoje, do MPD - que mais não é do que uma manobra de distração em relação a indícios graves de corrupção, de falta de ética e de falta de transparência na gestão de negócios públicos, imputados ao Governo do MPD e ao seu Vice-Primeiro Ministro - vem exortar os Cabo-verdianos a se manterem vigilantes em relação ao retrocesso do País, no que tange à transparência e à boa governação.
Importa, aqui, esclarecer um conjunto de factos, que indiciam, claramente, que o Vice-Primeiro-Ministro Olavo Correia, poderá, eventualmente, estar a utilizar os recursos do Estado para beneficiar uma Empresa à qual tenha interesses, numa clara falta de ética e de pudor exigida aos Titulares de Cargos Políticos.
Com efeito, o favorecimento de Empresas nas quais o Vice-Primeiro-Ministro, Olavo Correia, e a Mulher são accionistas, já é um facto incontornável.
Que factos?
Primeiro Facto
O Vice-Primeiro-Ministro e Ministro das Finanças, enquanto sócio de uma empresa nacional que atua no ramo da indústria, levou ao Parlamento uma medida para proteger a mesma da concorrência externa, aumentando as taxas de importação para todos os concorrentes, o que veio a se traduzir no aumento dos preços dos produtos para as famílias cabo-verdianas, agravando a já difícil situação decorrente do ano da seca e do mau ano agrícola.
Portanto, a destinatária dessa medida é uma Empresa, da qual o Vice-Primeiro-Ministro e a Mulher detém 10% do capital, como há dias se veio a saber.
E mais: O Vice-Primeiro-Ministro Olavo Correia faltou à verdade quando garantiu ao Parlamento que os produtos, para além de qualidade, seriam em quantidade suficiente para abastecer todo o mercado nacional, que haveria transporte regular para abastecer todas as ilhas e que os preços dos produtos não aumentavam em relação ao preço existente no mercado naquele momento.
A verdade é que os preços de todos os produtos aumentaram, os produtos não estão a chegar a todas as ilhas, e as famílias cabo-verdianas estão a suportar um custo adicional para proteger a Empresa em que o Sr. Vice-Primeiro-Ministro Olavo Correia é sócio.
Segundo Facto
Também é verdade que o Ministério tutelado pelo Vice-Primeiro-Ministro Olavo Correia transferiu a Repartição de Finanças dos Grandes Contribuintes - antes instalada num prédio do Estado, sem custos para os contribuintes e localizada em Achada de Santo António - para um edifício arrendado à referida Empresa numa total falta de ética e numa clara confusão de papéis entre o Governante Olavo Correia e o Sócio da Empresa Olavo Correia.
Perante todos estes dados, a própria procuradoria já abriu uma investigação para colher informações e apurar eventuais responsabilidades relacionadas com a atuação do Ministro Olavo Correia.
Portanto, estranhamos que o MPD, ao invés de aconselhar o Vice-Primeiro-Ministro a não fazer negócios consigo mesmo e garantir lisura e transparências na sua atuação e a agir com retidão e dentro da legalidade, venha à comunicação social acusar o PAICV de estar a difamá-lo.
Longe de nós a ideia de difamar. O Vice-Primeiro-Ministro não está a diferenciar os interesses do Estado dos estritamente particulares.
A prática de actos lesivos dos interesses da Nação e de todos os cabo-verdianos, por parte dos dois primeiros Responsáveis da Governação do País - nomeadamente do Primeiro-Ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, e do Vice-Primeiro-Ministro, Olavo Correia – é tão clara e despudorada, que Cabo Verde vem sendo citado, nos últimos dias, na Imprensa Nacional e Internacional, pelos piores motivos – os indícios claros de favorecimento e prática de corrupção.
Num País sério, como o nosso e perante todas essas evidências, o Vice-Primeiro-Ministro já teria tirado as consequências sob pena duma intervenção do Primeiro-Ministro de Cabo Verde, enquanto responsável máximo da Governação.
Mas, estranhamente nesta situação concreta, há indícios de que enquanto o Vice-Primeiro-Ministro vai utilizando o seu cargo em proveito próprio, com o dinheiro de todos os cabo-verdianos, o Primeiro-Ministro fica mudo e calado, como cúmplice dessa acção despudorada.
Enquanto toda a sociedade manifesta a sua indignação e o seu repúdio, pela actuação intransparente do Vice-Primeiro-Ministro, o Primeiro-Ministro esconde-se e, mais uma vez, demonstra a sua falta de coragem e o seu desrespeito pelos cabo-verdianos!
Enquanto o Ministério Publico decide acompanhar e investigar os fortes indícios de favorecimento, por parte do Vice-Primeiro-Ministro, às suas Empresas, o Homem que prometeu transparência na Governação do País e felicidade aos cabo-verdianos, desaparece e, qual foragido, não dá a cara para assumir as suas responsabilidades para com os cabo-verdianos que nele acreditaram e nele votaram.
O PAICV estranha, pois, a total ausência e o silêncio cúmplice do Primeiro-Ministro, Ulisses Correia e Silva, no momento em que o numero dois no Governo e seu “homem de confiança”, Olavo Correia, está a ser acusado, na praça pública e até na Imprensa Internacional, de promover o favorecimento de suas Empresas e a praticar actos que indiciam, claramente, a corrupção.
Cidade da Praia, aos 2 dias de Março de 2018.
Julião Correia Varela - Secretário-Geral do PAICV