PERÍODO DE ANTES DA ORDEM DO DIA - 26 de Outubro de 2016

Dirijo estas palavras a este Nobre Povo que nos elegeu para esta casa Parlamentar e nos escuta vivamente e aos Exmos. Senhores e Caros Colegas.
 
 
Esta sessão do ano parlamentar tem o condão feliz de acontecer em outubro - mês da Cultura e das Comunidades, em que por cada 18, celebramos não só a efeméride do nascimento de Eugênio Tavares, mas devíamos nos centrar numa reflexão profunda sobre a Cultura e a Diáspora, dois pilares-mestres da Nação Cabo-verdiana.
 
 
Este ano, com razões acrescidas, não deveremos deixar passar esta componente de uma reflexão profunda, nem, no labor de tal desafio, nos desviarmos do essencial no que se refere ao vigor das nossas comunidades espalhadas pelo mundo e da nossa Cultura que, tendo diversidade e qualidade suficientes, são as ligas sólidas da Cabo-verdianidade que nos unem na dispersão insular e diaspórica.
 
 
Este ano é pródigo para a Cultura, porquanto assinalamos o Octogésimo Aniversário do Movimento Claridoso e o Trigésimo Aniversário do Movimento Pro Cultura, momentos altos das letras cabo-verdianas. Pródigo também porque vemos que o Governo assume continuar a afirmar a Candidatura da Morna a Património Imaterial da Humanidade junto a UNESCO e a convergir os ativos (muitos deles intangíveis, mas reais) ao Turismo, principal motor económico das ilhas, e a prosseguir a meta já iniciada em prol da Economia Criativa. A continuidade do Atlantic Music Expo (AME) é prova cabal da nossa apreciação.
 
 
Se nos regozijamos com isso, impõe-se-nos também expressar viva preocupação pelo desmantelar, sem uma aparente lógica de prosseguir o cumulativo trabalho e de fazer melhor (sendo sempre possível fazer mais e melhor), da Orquestra Nacional, das várias Curadorias então criadas e da Rede Nacional de Salas, bem como tudo o que de significativo foi feito pelos governos anteriores. Isso para não falarmos de alguns incidentes que vêm acontecendo e que deveriam ter contornos diferentes como, por exemplo, aquele do aparente plágio do logo para a Candidatura da Morna a património imaterial da humanidade.
 
 
Sem querermos pôr achas na fogueira em setores que exigem de todos nós convergência e, em muitos casos, pacto alargado, queríamos terminar esta intervenção recomendando a criação de um fundo nacional para as artes bem como a instalação das Casas de Cultura na Diáspora.
 
 
Tenhamos todos um olhar complexo sobre a Cultura e a Emigração. Si ka badu, ka ta biradu, conforme vaticinou o grande Eugênio Tavares, a quem, desta tribuna, prestamos um tributo merecido neste início de mais um ano parlamentar.
 
 
Bem-hajam.
 
Praia, 26/10/2016
 

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