Através deste pronunciamento na casa parlamentar, assumimos uma vez mais o compromisso com a Nação Cultural em cabo verde e na Diáspora. Estamos na semana da cultura e 18 de Outubro passado, Dia Nacional da Cultura e das Comunidades, instituído em 2005, assinala e celebra o nascimento de Eugénio de Paula Tavares, figura cabo-verdiana ímpar nas artes, letras e ideias, assim como na emigração, que simboliza a ideia da Nação Global Cabo-verdiana.
Nesta efeméride, saudamos todas as iniciativas públicas e privadas, no país e no estrangeiro, conducentes à promoção da caboverdianidade e homenageamos todos quanto se dedicam à actividade cultural, fazendo com que ela seja a matriz da Nação Cabo-verdiana, tanto nas ilhas como na diáspora.
Conclamamos todos os poderes públicos, os sujeitos políticos, os parceiros sociais e a sociedade para uma reflexão mais crítica e prospectiva em relação ao lugar da Cultura no processo de desenvolvimento de Cabo Verde, chamando a atenção de todos para as políticas públicas da Cultura, nomeadamente em matérias como a museologia e a criação artística, as bibliotecas, o cinema e audiovisual, a arqueologia, a história, a memória, os direitos de autor e direitos conexos, o património material e imaterial e as chamadas indústrias criativas, a literatura, a educação artística, a leitura e o universo editorial.
Oportunidade para reiterar o nosso apoio à Candidatura da Morna a Património Imaterial da UNESCO e para afirmar a nossa posição crítica em relação ao “estado de atraso” do dossier da candidatura ao reconhecimento universal do antigo Campo de Concentração do Tarrafal, assim como o abandono da política da classificação de património nacional, via curadoria cultural, das cidades do Mindelo, de São Filipe e do Plateau da Cidade da Praia.
Preocupa-nos sobremaneira o estado de abandono da Cidade Velha, Berço da Nação Cabo-verdiana e Património Mundial da Humanidade, sem a retoma consequente do projecto da Rota dos Escravos, nem a continuidade do ideário sobre “um futuro para o nosso passado”, algo que activaria uma educação cidadã para o património e um turismo cultural mais efectivo.
Alguns maus sinais como o do Festival literário Morabeza, que tem criado uma polemica sem ímpar no mundo cultural e de indignação de homens e mulheres ligados a literatura, em que o foco não foi dado ao escritor e ao criador cabo-verdiano, conforme o criticado abertamente pelo Poeta José Luiz Tavares, entre outras vozes discordantes, e a descaracterização do Atlantic Music Expo, para não falarmos na descontinuidade da Orquestra Nacional, da Escola das Artes e do Museu Cesária Évora, que reclamam um esforço de mais transparência e de mais correcção por parte do Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas.
Renovamos a toda a Nação Cultural e as comunidades emigradas os cumprimentos, nesta Data Simbólica e reiteramos o nosso compromisso pela política de valorização e de promoção da Cultura e da Diáspora cabo-verdianas, sob o signo da figura maior de Eugénio Tavares.
A cultura é a nossa Alma e quando ela não vai bem como se sentirá a Alma do cabo-verdiano?
Esperamos máxima dignidade na relação com a coisa pública e com os cabo-verdianos.
Estas ilhas comportam sonhos de gerações e sonhos legítimos do mundo criativo da cultura que devem ser preservados e projectados a todo o custo.
Muito obrigado.
Paula Curado Moeda - SECÇÃO OUTUBRO 2017