Senhor Presidente da Internacional Socialista
Senhor Secretário-Geral
Senhores Vice-Presidentes
Distintos Camaradas,
Permitam-me iniciar esta minha intervenção na Reunião do Presidium (na qual participo pela primeira vez), agradecendo a confiança que, no PAICV e em mim, foi depositada, comprometendo-me, firmemente, a tudo fazer para honrar tão relevantes quão honrosas funções e a contribuir para engrandecer o nome da Internacional Socialista e a importância das suas causas.
Conto ainda com a Vossa permissão, para, igualmente, me servir desta oportunidade para, mais uma vez, e de forma muito efusiva, felicitar o nosso Partido-Irmão MPLA, pela recente e retumbante vitória nas Eleições Gerais ocorridas em Angola, a 23 de Agosto último.
Caro Presidente,
Caros Camaradas,
A Importância e a capacidade de intervenção da Internacional Socialista são inquestionáveis e disso dão testemunho as várias e sucessivas vitórias que, ao longo dos tempos, foram sendo obtidas pelos respetivos membros. Tais vitórias permitiram levar avante, em vários pontos do planeta, políticas públicas consentâneas com os valores da Internacional Socialista, com impacto positivo real na vida das populações.
No entanto, é importante e aconselhável que aproveitemos esta importante oportunidade para aprofundarmos a nossa análise a fim de descortinarmos as razões de fundo (endógenas ou exógenas) por que alguns dos seus Membros vêm tendo, ultimamente, sucessivos insucessos eleitorais.
Para tanto, poderíamos questionar-nos se isso resulta de uma verdadeira crise de projetos ou de uma profunda crise de confiança, e tentar escrutinar por que razão os programas de governação alternativa que os nossos Partidos têm apresentado não estão a convencer os nossos respetivos eleitorados.
Só assim encontraremos os antídotos e os caminhos a percorrer para podermos enfrentar, com sucesso, os nossos adversários, convencendo os nossos respetivos eleitores.
É preciso, pois, na nossa opinião, procurar identificar as verdadeiras raízes e causas das nossas fraquezas e dos correspondentes insucessos.
Caro Presidente,
Caros Camaradas,
Passamos, atualmente, por um momento particularmente turbulento. Na verdade, o Mundo defronta-se com problemas complexos e de efeitos imprevisíveis.
Desde as políticas económicas e financeiras de austeridade desmesurada, passando pelo populismo crescente, pelo terrorismo nas suas diferentes formas e manifestações, aos conflitos armados com fundo religioso, ao fracasso da exportação da democracia liberal, à mundialização económica e à forte concorrência entre as potências económicas emergentes e as potências económicas clássicas.
A pobreza e as desigualdades de rendimentos aumentam, as relações de poder estão cada vez mais desiguais e prenunciam-se políticas de confrontação e de ameaças reais à segurança e à estabilidade globais.
Mais ainda, um dado altamente preocupante e que não podemos deixar de sublinhar é a forma caótica como as migrações têm evoluído e constituem já um drama humano de repercussões massivas e transfronteiriças. Falta uma abordagem internacional integrada, de longo prazo, com uma verdadeira motivação de solidariedade humana e que, sobretudo, conceda a devida importância às estratégias nacionais de desenvolvimento sustentável nos países cujos cidadãos, jovens na sua maioria, são forçados a procurar a sobrevivência em países terceiros. As causas são diversas, profundas, muito antigas até. Mas é para elas que o essencial do combate tem de ser dirigido. E repito: a mera via das medidas paliativas ou de socorro não resolve esse drama com que a comunidade internacional está confrontada; só o perpetua.
Pensamos que a Internacional Socialista deve contribuir no sentido de haver uma efectiva e eficaz gestão da problemática das migrações.
Caro Presidente,
Caros Camaradas,
A paz, a segurança e estabilidade dentro dos Estados e no plano internacional são dimensões que reclamam toda a nossa atenção.
Não há desenvolvimento possível num contexto de ausência de paz, de estabilidade e segurança. Como também não há respeito e promoção dos direitos fundamentais da pessoa humana.
Temos, pois, de continuar a promover relações pacificas, estáveis, confiantes e cooperativas entre Estados.
Neste quadro, a maior importância deverá ser dada ao processo de consolidação da paz, em situações de pós-conflito.
Igualmente, é fulcral garantir relações previsíveis entre os Estados, respeitando os direitos e legítimos interesses de cada um, bem como das minorias religiosas, culturais ou étnicas, erradicando ou atenuando os fatores ou agentes geradores de conflitos e diminuindo as relações desiguais, opressivas e de humilhação dos mais fracos.
Para tanto, torna-se também importante e fundamental que enveredemos pelo caminho da antecipação e/ou da neutralização de potenciais conflitos armados, através da chamada “diplomacia preventiva”.
Perante a actual tendência para a corrida armamentista e para uma escalada de ameaças à segurança de toda a humanidade, é fundamental insistir no papel insubstituível das Nações Unidas na promoção da paz, da concórdia, do diálogo e da compreensão recíproca entre os Estados, Nações, Culturas e Religiões.
Se a esse desafio maior juntarmos ameaças persistentes como são o terrorismo e os diferentes tráficos transnacionais, designadamente o narcotráfico, o tráfico de seres humanos e o tráfico de armas, concluiremos que da importância e urgência do trabalho ainda por fazer no atinente à garantia da paz, estabilidade e segurança nesta nossa comunidade internacional.
Caro Presidente,
Caros Camaradas,
Discutir o crescimento económico sustentado e o desenvolvimento sustentável, temas também constantes da nossa Agenda de Trabalhos, é, antes de mais, analisar as possibilidades de solidariedade entre Países e Partidos, com foco na necessidade premente de diminuir a diferença entre aqueles que podem mais e aqueles que podem menos.
Mais do que discutir e apresentar intenções, torna-se urgente e premente uma cooperação efetiva, com resultados projetados e concretizados, para que os países ditos menos desenvolvidos tenham condições de crescer, gerar mais empregos, promover mais oportunidades e garantir mais esperança aos seus jovens.
Particularmente no quadro das Nações Unidas tem sido feito um trabalho gigantesco de construção de consensos e de agendas comuns. É fundamental que os compromissos sejam respeitados e os recursos sejam mobilizados e disponibilizados para a implementação de tais agendas. Trata-se do futuro da humanidade. E a verdade é que estamos num momento crítico: temos de poder fazer agora o que tem de ser feito agora.
É urgente que as ditas vias alternativas de financiamento do desenvolvimento sejam efectivas, da mesma forma que urge persistir na introdução de maior equilíbrio nos fluxos financeiros tradicionais, designadamente impedindo que os mecanismos da dívida pública acabem por funcionar como barreiras à continuação dos processos de desenvolvimento nacional.
Neste processo de implementação das agendas comuns, é preciso ter em atenção as especificidades de cada Estado ou País.
Cabo Verde integra o Grupo dos Pequenos Estados Insulares, criado com o objetivo de tratar as especificidades dos Países Arquipelágicos e é considerado o sétimo país do Mundo mais vulnerável aos efeitos das mudanças climáticas e à exposição aos desastres causados por fenómenos naturais.
Como poderíamos ser indiferentes à problemática das mudanças climáticas?
Temos sempre defendido um tratamento particular aos mais vulneráveis, a começar pelos pequenos Estados insulares, sendo que alguns deles têm a sua própria sobrevivência em risco.
Defendemos que a problemática das mudanças climáticas deve continuar a merecer toda a atenção da Internacional Socialista, com especial realce para a necessidade de um esforço conjunto de sensibilização dos Governos no sentido de atuarem, bem como de promoção de alianças para impedir ou mitigar consequências nefastas.
O Acordo de Paris foi uma conquista duramente alcançada e sobre ela não deve haver retrocessos.
Se necessário fosse sublinhar a urgência da agenda em matéria de mudanças climáticas, bastaria recordar o sofrimento por quem têm passado milhares de pessoas, em África, nas Caraíbas, na Ásia e na Europa, nos Estados Unidos, no México, ou seja, milhares e milhares de seres humanos que, de um momento para o outro, ficam frágeis e indefesas perante a fúria destrutiva de ciclones, de furacões, de sismos, de enxurradas e deslizamentos de terra, de incêndios florestais, enfim, de diversos fenómenos da natureza que tendem a ser cada vez mais frequentes e cada vez mais devastadores.
Formulando votos de plenos sucessos à nossa Reunião, são estes, Caro Presidente e caros Camaradas, os contributos que, enquanto Vice-Presidente desta nossa Organização, entendi dever trazer a esta minha primeira participação numa Reunião do Presidium, com a convicção de que a mesma terá um papel-chave a desempenhar na resolução dos complexos problemas com que o Mundo se confronta, e uma grande responsabilidade na procura de soluções, e, assim, contribuir, com ideias e alternativas, para os enfrentar.
Muito Obrigada pela atenção!
Janira Hopffer Almada