O PAICV, através da Comissão Política Regional de Santiago Norte, procurou a imprensa para partilhar com a sociedade cabo-verdiana a sua preocupação em relação ao estado do ano agrícola, à política da água e ao abandono a que está votada uma região composta por seis municípios e com uma população estimada em 121 mil pessoas.
Hoje é 22 de Setembro, em situações normais, neste momento as plantações de sequeiro já estariam crescidas e as águas estariam a correr pelas ribeiras. Infelizmente, este ano as coisas não têm corrido de feição. É normal. São assuntos da natureza e que escapam ao controlo das pessoas, dos governos e dos países.
Entretanto, é dever das autoridades públicas sair em socorro das populações vitimadas pela falta de chuvas, com programas concretos para repor as perdas sofridas e criar as condições básicas para as pessoas continuarem a viver normalmente. Todos os anos em que a chuva escasseia, as autoridades – governo central e local – estudam em conjunto planos de emergência para garantir a empregabilidade no meio rural e o rendimento às famílias.
O PAICV Santiago Norte está, particularmente, preocupado com o silêncio do governo e das Câmaras municipais. As famílias estão abandonadas. Já fizeram o seu investimento nas sementeiras, e tudo aponta que vai ser um investimento frustrado. Todavia, onde estão os poderes públicos? O PAICV Santiago Norte manifesta-se, por este meio, preocupado com a situação e coloca-se ao lado das 121 mil pessoas que residem em Santiago Norte para exigir que o governo e as câmaras municipais cumpram o seu papel na aplicação de um plano de emergência para socorrer as famílias vitimadas pelo atraso das chuvas.
Santiago Norte é uma região agrícola, por excelência, todos os 6 concelhos que compõem a região possuem grandes potencialidades na agricultura e na pecuária. Aliás, são os sectores que sustentam a região e empregam maior número de pessoas. Por esta razão, o anterior governo de Cabo Verde construiu 6 barragens. Destas, apenas a barragem de Principal ficou por concluir. O atual governo do MpD já mandou suspender as obras sem prestar qualquer cavaco ao concelho de São Miguel, à região Santiago Norte, à ilha de Santiago e ao país.
Como se isto não bastasse, o governo já engavetou o projecto a construção da barragem de “Rubão Grandi” no concelho de Tarrafal, sem apresentar qualquer alternativa para o sector agrícola neste concelho do Norte de Santiago. Não há qualquer informação da parte do governo central sobre o que pretendem com esta região, qual é o seu programa ou projetos para alavancar as suas potencialidades. O PAICV Santiago Norte acredita que todo e qualquer programa de desenvolvimento da região seja em que domínio for tem que passar impreterivelmente pelo desenvolvimento da agricultura e da pecuária e consequentemente pela mobilização de água, pela empresarialização do sector agrícola e pela agro-indústria.
O PAICV Santiago Norte está apreensivo e junta a sua voz aos moradores desses concelhos. É um descaso e uma total falta de consideração para com o povo da região. Quem não investe na mobilização de água, na promoção da agricultura e da pecuária em Santiago Norte, deve ao menos dizer qual o seu programa para a região. É muito grave o que está a passar em Santiago Norte. A gestão que a empresa Águas de Santiago tem feito produção e distribuição de água é uma afronta para as famílias. O abastecimento de água é bastante deficiente e o custo exorbitante. Os gritos de socorro lançados pelas famílias nos últimos meses não mereceu qualquer resposta dos responsáveis da empresa. O governo, por sua vez, sempre distante, tem agido como se não estivesse cá. As Câmaras Municipais têm assumido uma posição de cumplicidade indigna para quem se elegeu por voto popular. Estas são as preocupações que o PAICV Santiago Norte quer trazer para debate público ciente de que vivendo num Estado de Direito, respostas e soluções devem aparecer, porque estamos a falar da vida de cerca de 121 mil pessoas.
Muito obrigada!
Pela Comissão Política Regional de Santiago Norte
Carla Carvalho