O PAICV ouviu, com estupefação, a afirmação do Senhor Primeiro-Ministro em São Vicente de que “se fosse pela sua vontade a regionalização já era realidade em Cabo Verde”.
Governar significa assumir compromissos, significa lidar com situações delicadas, significa ter seriedade, significa ter estabilidade emocional para enfrentar situações de pressão e falar a verdade para não defraudar as pessoas.
O Senhor Primeiro-Ministro parece que, todas as vezes que vai à ilha de São Vicente e é confrontado com situações que indiciam a sua desconversa em relação a um conjunto de promessas ou compromissos, fica desorientado e, ou perde a fala, ou começa a perder o nexo das coisas!
Todos estão lembrados que, aquando da primeira manifestação em São Vicente, na sequência do lançamento da primeira pedra do Campus Universitário, ele reagiu dizendo que a manifestação não era contra ele, mas sim contra o Governo anterior, que já não exercia poder há mais de um ano.
Agora, novamente confrontado com as suas promessas, “xuta a bola para longe”, sacode o seu capote e atira mais esta infeliz ideia de que se dependesse dele a regionalização já estava feita!
Estas duas afirmações, todas elas surgidas na sequência de uma manifestação de insatisfação pelo curso das coisas, nos revela a personalidade de um homem que:
• Primeiro, não quer assumir as suas responsabilidades;
• Segundo, quer governar à custa de responsabilização do outro;
• Terceiro, lida mal com situação de pressão, e
• Quarto, não sabe ser frontal e dá indícios de lidar mal com a verdade.
Recorde-se que estas afirmações surgem na sequência de um conjunto de episódios em que a Oposição é responsabilizada diretamente pela situação complicada por que passa a governação atual.
Na altura da apresentação das promessas tudo era fácil e transmitia-se a ideia de estarmos perante um homem convicto, que sabia o que queria e era peremptório nas suas afirmações. Todos, seguramente, devem ter gravado na sua memória a afirmação de que se ganhasse as eleições avançaria imediatamente com a regionalização e, na altura, sequer os outros eram tidos e, muito menos, achados.
Agora, com a mão na massa e com a responsabilidade de apresentar soluções concretas já a responsabilidade é dos outros, esquecendo-se por completo que as pessoas são também inteligentes e sabem que, até ao presente momento, não foi apresentada nenhuma proposta estruturada do desenho institucional do modelo de regionalização que se pretende para o país.
O PAICV esclarece, por esta via, que, até este momento, não recebeu da parte do Primeiro- Ministro, do Governo ou da atual maioria qualquer texto que explicite as soluções que o Movimento para Democracia tem para a regionalização.
O PAICV também esclarece, por esta via, que no Parlamento, até hoje, não se deu entrada de qualquer iniciativa legislativa sobre esta importante matéria.
Até hoje, o que tem havido são compromissos de entregar uma proposta, compromissos de se discutir e de se negociar com a Oposição, e, à semelhança dos compromissos de campanha, nada mais do que isso, apenas conversa.
O PAICV exorta o Senhor Primeiro-Ministro a assumir as suas responsabilidades, a falar verdade e a pedir desculpas aos cabo-verdianos, pelo atraso na materialização desta e outras soluções.
Assim, o PAICV continua disponível para discutir e participar nas soluções que melhor sirvam os interesses do País. Mas, recusa, terminantemente, ser cúmplice ou boia de salvação do descaso do Senhor Primeiro-Ministro, que tem dado alguns sinais de não estar preparado para nadar neste mar turbulento da Governação de um País como Cabo Verde.
Muito Obrigado.
Praia, 07 de Setembro de 2017
Rui Mendes Semedo