O líder do PAICV em São Vicente, Alcides Graça, acusou hoje o presidente da câmara Augusto Neves, de, “com habilidade”, ter colocado o município no grupo dos “menos avançados” de Cabo Verde.
Numa conferência de imprensa, no Mindelo, para apresentar o resultado de visitas a serviços desconcentrados do município e para apreciar o estado da ilha no final de mais um ano político, Graça traçou um “quadro negro” da gestão de Augusto Neves, que, acusou, transformou São Vicente, “à sua imagem”, num município “apagado, complexado, sem dinamismo, sem capacidade competitiva, sem visão nem estratégia a médio e longo prazo”.
O presidente da câmara, lembrou Alcides Graça, ficou sem o “conforto” da desculpa de retaliação política do Governo central, que é agora da mesma cor da câmara e, por isso, sustentou, “está de boca calada” e “assim vai continuar enquanto o seu partido estiver a governar” o país.
“Estamos perante a pior equipa camarária de todos os tempos na história do municipalismo em São Vicente”, continuou o líder local do PAICV, para quem o presidente da câmara “é muito fraco” e com vereadores que se comporta mais como “funcionários do presidente, autênticos meninos de recados”.
Ao nomear aquilo que designou de medidas “avulsas e sem nexo” tomadas pela autarquia neste primeiro ano de mandato, Alcides Graça começou por “deplorar” a assumpção por Augusto Neves dos pelouros da Cultura e do Urbanismo, “sem que tenha formação específica” nas áreas, e de nomear uma funcionária nas mesmas condições para directora do Gabinete Técnico Municipal (GTM).
Referiu-se ainda a vereadores que “ninguém conhece, que não fazem rigorosamente nada” mas que “recebem todos os meses” o salário, à uma “feroz perseguição” aos funcionários “não ventoinhas”, mas onde “circula dinheiro” na câmara, acusou, “estão sempre os mesmos funcionários”.
No rol das medidas que classificou de “desastrosas” para o município, Graça nomeou ainda o “bloqueio do mercado imobiliário” na ilha, devido a uma “visão distorcida” sobre especulação imobiliária e o direito de preferência de Augusto Neves e equipa.
Segundo a mesma fonte, a “má gestão” dos bens públicos é “imagem de marca” da actual câmara de São Vicente, e exemplificou com permuta da infra-estrutura da Academia Carlos Alhinho e “descampado” do Basket, pagamento das dívidas da câmara com terrenos e outros bens municipais, e ainda a entrega dos estaleiros de Carnaval, na Horta Seca, construído na gestão de Isaura Gomes, a um privado.
Na visita que efectuou à Biblioteca Municipal, o líder local do PAICV disse ter encontrado uma instituição “votada ao abandono”, sem “qualquer investimento” há pelo menos 10 anos, espólio desactualizado, “informatização prometida que nunca chega” e funcionário “abandonados e desmotivados”, o mesmo acontecendo com os bombeiros municipais “sem meios nem equipamentos” para responder aos munícipes, sobretudo, pontuou, “nesta época das chuvas”.
“Infelizmente, não temos razões para estar satisfeitos e nem se perspectiva um futuro animador para esta ilha, prenhe de potencialidades para alavancar a sua economia”, concluiu Alcides Graça.
Fonte: Inforpress