O Relatório de Competitividade de Viagens e Turismo - Cabo Verde 2019, recentemente divulgado, coloca Cabo Verde na posição 88, a nível mundial (6ª posição na África Subariana), num universo de 140 países e com uma pontuação 3,6.
Essa posição significa que o País teve uma queda de 5 posições!
Com efeito, e em 2017, o arquipélago ocupava o lugar 83 (com pontuação de 3,55), num universo de 136 países. Em África, ocupávamos o primeiro lugar, numa zona geográfica em que foram avaliados 13 países da África Ocidental.
Em 2015, o relatório do Fórum Económico Mundial colocava Cabo Verde na 86.ª posição, com a média final de 3.46 pontos, numa escala de um a sete valores, num ranking de 141 países.
Isso quer dizer que o país está a perder competitividade. E isso implica retracção para aqueles que pretendem visitar o país e, consequentemente, para os investimentos externos, podendo prejudicar o crescimento da nossa economia.
OS GANHOS DOS 15 ANOS DA GOVERNAÇÃO DO PAICV NOS 15 ANOS DA Governação do PAICV
O Turismo cresceu de forma notável, e a uma taxa media de 10% (de 2002 a 2016), passando o Turismo a representar 21% do PIB:
• O número de turistas quadruplicou (passou de 162.000 em 2001, para 644.000, em 2016);
• As Dormidas aumentaram 5 vezes (2001 – 806.000, em 2001, para 4,1 milhões, em 2016);
• O número de camas aumentou (passou de 4.628 em 2001, para 18.388 em 2016);
• O número de empregos directos aumentou a uma taxa média de 10% (em 2001 era de 2.048 e em 2016 era de 7.746).
AS FALHAS, DA ACTUAL MAIORIA, NO CUMPRIMENTO DAS PROMESSAS
Com essa queda de 5 posições fica também claro que, também no Turismo, a actual maioria está a falhar!
Está a falhar o cumprimento das promessas que assumiu com os cabo-verdianos:
• Chegar a 2021 no top 30 dos países mais competitivos do mundo em matéria do turismo;
• Promover as externalidades positivas do turismo (através da constelação turismo, abrangendo a agricultura, as pescas, a cultura e o desporto);
• Adoptar uma estratégia de extensão do turismo (dando especial atenção ao desenvolvimento de novos segmentos como Turismo de Montanha, de Cruzeiros e de Eventos);
• Eliminar as principais fraquezas do turismo, em sede de segurança, saneamento, promoção internacional do destino, capacitação dos RH e unificação do mercado interno;
• Reforçar articulação entre o Turismo e o Ambiente e a Segurança.
Mas, a actual maioria está falhar, também, porque prometeu COLOCAR OS SERVIÇOS DE TRANSPORTES AO SERVIÇO DO TURISMO E ESTÁ A FAZER, EXACTAMENTE, O CONTRÁRIO:
• Prometeu desonerar a circulação pelo território nacional e tornar mais atrativo o turismo interno e os transportes aéreos internos são o que são hoje;
• Prometeu organizar a prestação de um serviço de transporte marítimo doméstico competitivo, e conseguiu transformar esse transporte marítimo num caos;
• Prometeu assinar acordos bilaterais com os principais mercados emissores para a liberalização dos vistos, e isentou os vistos para cidadãos da EU e do Reino unido, esquecendo-se dos cabo-verdianos e da reciprocidade.
A VISÃO DO PAICV: VENCER OS DESAFIOS E TRANSFORMAR CABO VERDE NUM DESTINO DE DIFERENÇA, FAZENDO DO TURISMO UM MEIO PARA MELHORAR A VIDA DOS CABO-VERDIANOS
Para o PAICV o Turismo enfrenta, pelo menos, 4 desafios:
a) Competitividade;
b) Sustentabilidade;
c) Concentração;
d) Maximização do impacto sobre a riqueza e bem-estar dos cabo-verdianos
E é preciso vencer esses desafios!
1. Desde logo, o Desafio da COMPETITIVIDADE.
Se Cabo Verde perdeu 5 posições, quer dizer que perdeu competitividade.
Cabo Verde deve trabalhar para:
• Aumentar a disponibilidade de recursos culturais e para viagens de negócios;
• Aumentar a disponibilidade de recursos naturais (áreas protegidas, espécies conhecidas, nível de atractividade dos recursos naturais);
• Adequar e melhorar as condições de saúde e saneamento (acesso a instalações sanitárias, acesso a agua potável, densidade de médicos pelo numero de habitantes);
• Melhorar as condições a nível de segurança (número de homicídios).
Para além disso, é fundamental que o Governo dê prioridade aos sectores de viagens e turismo nas políticas públicas.
2. Também é importante vencer o desafio da SUSTENTABILIDADE.
O Modelo reinante em Cabo Verde é o “all inclusive”, que vem levantando algumas preocupações e que têm a ver com:
a) A Sustentabilidade ambiental (apesar dos estudos de impacto ambiental, existem preocupações no que tange à profundidade, eficácia e isenção de estudos, e existe o receio de a médio e longo prazo a densidade turística afecte negativamente os delicados equilíbrios ambientais do ecossistema do arquipélago);
b) A Sustentabilidade social (os fluxos migratórios para as ilhas de maior concentração – Sal e Boavista – combinado com um ritmo de crescimento de investimentos privados, não acompanhado pelos investimentos públicos – áreas como o saneamento, habitação saúde, educação, segurança – vem provocando desequilíbrio sociais, como o surgimento dos bairros degradados, sobrecarga das infraestruturas de saúde, educação, saneamento, entre outros);
c) A Sustentabilidade económica (elevados custos de contexto colocam desafios à sustentabilidade do negocio dos investidores fora das ilhas do sal e da Boavista, e nos segmentos fora do turismo de massa).
3. Outro ponto importante tem a ver com a CONCENTRAÇÃO.
O Turismo em Cabo Verde é caracterizado por múltiplas concentrações:
a) De origem (51% dos turistas vêm de países europeus)
b) Do destino (vão maioritariamente para o Sal e para a Boavista);
c) Dos Operadores (7 em cada 10 chegam a Cabo Verde através da TUI e da Thomas Cook);
d) Dos Transportadores (46% são transportados pela Thomson Fly e TUI);
e) Dos Fornecedores de Produtos (Sale Boavista são basicamente fornecidas por 2 Empresas).
E o risco é o da dependência do sector de um grupo muito restrito de decisores privados estrangeiros!
4. Mas, o desafio principal é a MAXIMIZAÇÃO DO IMPACTO DO TURISMO NA VIDA DOS CABO-VERDIANOS.
Para o PAICV o Turismo deve servir para melhorar as condições de vida dos cabo-verdianos – é um meio, e não um fim em si mesmo.
Portanto, as politicas publicas e os objectivos devem ser orientados para maximizar o impacto líquido do turismo sobre o bem-estar dos cabo-verdianos, numa perspectiva de longo prazo, sustentável e inclusiva.
E ISSO SÓ É POSSÍVEL SE HOUVER VISÃO ESTRATÉGICA E VONTADE POLITICA, ACOMPANHADAS DE MEDIDAS ACERTADAS!
Cidade da Praia, aos 7 dias de Setembro de 2019.