XV CONGRESSO DO PAICV - MENSAGEM DO COMANDANTE PEDRO PIRES

Camarada Presidente do PAICV, Dra. Janira Hopfer Almada,
Camarada Presidente da Mesa do Congresso;
Camaradas Membros da Mesa do Congresso,
Minhas Senhoras e meus Senhores:
 
Tenho o prazer e a honra de saudar o XV Congresso do PAICV. Aproveito ainda este ensejo para saudar e felicitar a Presidente do PAICV, Dra. Janira Hopfer Almada, pela sua recente reeleição a esta importante função. De igual modo, saúdo os Congressistas a quem formulo votos de um trabalho profícuo e de sucessos na realização deste importante fórum partidário. Por fim, cumprimento os distintos convidados representantes de vários partidos correligionários do PAICV que quiseram honrar-nos com as suas ilustres presenças.
 
Estimados Camaradas e caros Amigos e Amigas:
 
Às solicitações e interpelações de vários Amigos e Camaradas meus, tenho respondido que já fiz a minha parte e que, agora, estou agir e a pensar em questões importantes, mas, fora do campo da política partidária. 
 
Apesar disso, tenho um prazer muito especial em estar aqui convosco. Aliás, não perdi nem a sensibilidade, nem a paixão pelas causas do PAICV, enquanto partido progressista e de causas. Aceitei o vosso convite, precisamente, para vos deixar compreender isso. Continuo a acreditar que, juntos, somos mais capazes e temos amplas probabilidades de êxitos à nossa frente.
Trouxe comigo algumas preocupações. Desejo que a minha presença tenha significado e sentido. Para tal, vou colocar algumas perguntas que me têm apoquentado.
 
Como fazer o PAICV mais forte, mais dinâmico e mais eficiente?
 
Primeiro, impõe-se mantê-lo unido e solidário. Neste momento, é fundamental buscar paciente e tenazmente a união e reconstituição das relações de camaradagem e de solidariedade mútuas entre os seus membros. Considero que é indispensável devolver sentido ao tratamento “Camarada” entre os seus membros. “Camarada” significa: propósito comum, destino comum, militância conjunta, lealdade, empenhamento e esforço colectivo; iguais obrigações, iguais oportunidades e iguais vantagens. O conceito “camarada” transporta no seu íntimo os sentidos da igualdade, do compromisso, da inclusão e da colegialidade.
 
Outrossim, o partido político é uma associação de vontades livres, comprometidas com uma causa superior nobre e portadora de um futuro nacional melhor, de liberdade, de dignidade, de progresso e de bem-estar colectivos. Pressupõe uma associação dialéctica entre a Liberdade e o Compromisso, que se deve consolidar e aperfeiçoar continuamente.
 
O Partido é uma realidade social dinâmica. Constrói-se e aperfeiçoa-se no quotidiano, todos os dias. Assim sendo, reponho a pergunta: o que fazer para tornar o PAICV mais forte, mais dinâmico e mais eficiente? Como aprofundar e aproveitar a memória e a inteligência colectiva de que é depositário?
 
Na minha opinião, é necessário capacitar e transformar o Partido da “cabeça aos pés e dos pés à cabeça”. Vivemos numa sociedade complexa, mais instruída e mais exigente, o que faz com que a sua liderança e gestão sejam também mais complexas e mais exigentes. Para ultrapassar mais facilmente esses obstáculos, é indispensável aproveitar as capacidades e a inteligência colectiva acumuladas e desbravar novos caminhos e novas perspectivas, buscando as vias de inovação e de antecipação aos desafios e às probabilidades porvindoiras. Em certa medida, os partidos são convocados a ser verdadeiros “think-thank”, produtores de análises e de soluções políticas, económicas, sociais e culturais, finalmente, a ser produtores de propostas alternativas de sociedade e de governação.
 
Na conjuntura nacional actual, o PAICV, enquanto oposição, necessita de repensar a ampliação, a diversificação e a intensificação da sua intervenção política, social e cultural. Deverá agir no quotidiano e nas localidades e, neste contexto, deverá reflectir na recuperação da prática da militância partidária. Por fim, precisaria de inovar a sua metodologia de actuação, a fim de se tornar mais atraente, mais chamativo e mais presente. A meu ver, embora as participações e intervenções políticas nos órgãos institucionais e nos âmbitos da comunicação social ou de outro meio social disponível sejam absolutamente necessárias, todavia, não são suficientes.
 
Estimo que seria vantajoso e útil ultrapassar os limites sociopolíticos das eleições e da representação política estrita para intervir no campo mais amplo da sociedade, no espaço e no tempo da dinâmica e plenitude do seu funcionamento. Aqui, coloca-se a questão primária quanto à natureza e à qualidade da actuação política e social do Partido, das suas estruturas organizativas e dos seus militantes. Percebe-se que o Partido, as suas organizações e militantes devam estar capacitados e motivados a agir e intervir no quotidiano social e na localidade ou centro de trabalho, onde as coisas acontecem, a fim de participar na análise e formação de opinião sobre as matérias em causa e renovar sua utilidade social, porquanto, é crucial estar em sintonia com a sociedade e os seus problemas e desafios. Seria ainda uma forma adicional de melhorar a informação e o conhecimento da realidade envolvente e, ainda, de influenciação das opções mais prováveis.
 
Considero que esta intervenção, que aconselho, insere-se no âmbito da prática de uma democracia participativa, em que o “militante-cidadão-eleitor” deva ser um actor político activo, responsável, presente e comprometido com a boa gestão das coisas públicas. Neste sentido, seria indispensável o combate à indiferença e ao desinteresse. Outrossim, jamais seria um processo espontâneo mas, sim, uma atitude suscitada pela capacitação política, social e cultural progressiva e pela actuação e exercitação colectivas e interactivas das estruturas e dos militantes partidários. Teria que partir de uma acção programada num horizonte de médio prazo. O primeiro passo começaria pela aposta na formação em liderança, a diversos níveis, porquanto, a sociedade cabo-verdiana está em rápida mutação e cada dia mais complexa, numa conjuntura nacional também complexa, e, por cima, num mundo carregado de violências e de incertezas. Na sua globalidade, estes problemas-desafios requerem uma capacitação específica para a sua gestão correcta no intuito de afastar os riscos de insucesso.
 
Bem-haja o XV Congresso do PAICV!
 
Obrigado pela vossa atenção!
 
Praia, 18 de Fevereiro de 2017
 

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