Ontem foram divulgados os dados sobre a situação da corrupção no mundo e, sem surpresas, Cabo Verde recuou 10 posições.
Afirmamos sem surpresas porque a situação real do País, tendo em conta os acontecimentos recentes, apontava para a falta de transparência na gestão da coisa pública e uma grande confusão na mistura de interesses públicos, com os interesses particulares e pessoais.
1. Basta lembrar o recente caso que envolveu o Vice-Primeiro-Ministro e Ministro das Finanças, com os seus interesses na Tecnicil;
2. O Ministro das Finanças autoriza que se financie, sem concurso, em 20 mil (200 mil Euros) contos um filme Português, sem receitas, com dinheiro público, quando apresentam que há 50 mil Cabo-verdianos a viverem em pobreza extrema;
3. Em dois anos o Governo gasta mais de 20 Milhões de Euros com a TACV, sem qualquer explicação e sem qualquer resultado;
4. O Governo faz negócios confidenciais com a Binter e financia sem contrapartida a companhia Icelandair;
5. O Governo anuncia 10 Milhões de Euros de ajudas Internacionais para combater o mau ano Agrícola e, oferece míseros Vales de 300 Escudos para ser engavetados em casa;
6. Oferecem terrenos públicos a grupos afectos ao MpD (mais uma vez a Tecnicil pelo meio), em Achada Grande, etc.
O PAICV, que vem alertando, permanentemente, para os indícios de intransparência na gestão da coisa pública, regista com grande preocupação a queda do País no Ranking de Corrupção o que significa uma degradação da situação da imagem externa do país, com riscos evidentes se não forem tomadas medidas para repor o rigor e a transparência na gestão dos poucos recursos do país.
Como ilustram os dados, em 2016, Cabo Verde se encontrava na posição 38 e desceu para a posição 48, no ranking de 2017, e esta queda é muito acentuada se levarmos em conta o curto período de tempo de, apenas um ano. Não há como esconder, Cabo Verde está, a olhos vistos, com maior índice de corrupção.
Enquanto outros fazem esforços para melhorar o seu desempenho, nós nos relaxamos e nos esquecemos que neste mundo global e extremamente competitivo, os esforços têm que ser continuados e permanentes. Assim, Cabo Verde foi ultrapassado, de uma sentada, por 11 Países, comparativamente a 2016.
Em 2016, estávamos em posição 38, com 59 pontos, passamos para a posição 48, com 55 pontos, em 2017.
Éramos segundo em África em 2016 - Perdemos uma posição - Caímos para 3ª Posição, atrás de Botswana e Seychelles.
Já em 2015 também ocupávamos primeiro lugar no grupo dos países de língua portuguesa, não constituindo esse facto qualquer novidade neste momento.
É preciso arrepiar caminho!
Num momento em que o País comemora o seu 43º Aniversário, não merecíamos essa prenda.
A continuar nesta direção a credibilidade do País pode ficar comprometida e podemos, por falta de competitividade, afugentar o Investimento Direto Estrangeiro e comprometer o futuro.
A corrupção, do ponto de vista económico, significa ineficiência produtiva das instituições, ineficácia na concretização de maior bem-estar das populações, maior desigualdade na distribuição de rendimentos e menor crescimento económico de longo prazo.
Muito obrigado!
Cidade da Praia, 04 de Julho de 2018.
O Secretário-Geral do PAICV, Julião Varela