Durante as suas recentes Jornadas Parlamentares Descentralizadas em São Nicolau, o PAICV constatou a situação difícil que vive a população, de forma generalizada, em todas as localidades.
Em mais de dois anos de mandato os investimentos feitos pelo Governo, em toda a ilha de São Nicolau, traduziram-se numa passagem hidráulica e na eletrificação do povoado de Fragata. Esses investimentos não ultrapassam os irrisórios 20 mil contos. Isto é demonstrativo do abandono a que foi votada a ilha de São Nicolau.
Num ano de seca e mau ano agrícola, sem emprego, sem rendimentos, sem investimentos públicos, sem alternativas, particularmente para a juventude, um número nunca antes visto de jovens deixa a ilha, à procura de emprego. O emprego que foi prometido aos jovens tornou-se numa autêntica miragem.
No Município do Tarrafal, um dos principais motores da economia local é a construção civil. Contudo, este sector está praticamente estrangulado pela falta de areia e pela indefinição e inércia das autoridades locais e nacionais quanto à resolução desse problema. Muitas famílias, dependentes do trabalho na construção civil, vêm os seus rendimentos condicionados por esses motivos.
Relativamente à ração, em pouca quantidade e qualidade, associada à problemática dos cães que atacam o gado, leva os criadores a afirmarem que estão a viver uma verdadeira afronta.
A ilha de São Nicolau continua a viver os problemas dos transportes, condicionando o seu desenvolvimento. Ligado a esse problema está a evacuação dos doentes para o Hospital Regional Baptista de Sousa, em São Vicente, que leva um dia de viagem aérea, via Praia, quando se pode fazer essa ligação em apenas 20 minutos. A nível da Saúde, urge a criação de uma sala para pequenas cirurgias, diminuindo e evitando muitas das evacuações para as outras ilhas.
Os nossos emigrantes gastam, em média quatro dias de viagem nas suas viagens na vinda e no regresso. Por outro lado, viajar para S. Nicolau, no mês de Agosto, transformou-se numa verdadeira incógnita, já que, desde do mês de Maio não há lugares nos vôos para a ilha de S. Nicolau.
Os comerciantes desesperam com os seus produtos retidos em S. Vicente sem que tenham a certeza de quando é que podem ser transportados para a ilha de S. Nicolau, por falta de transportes marítimos. O navio Praia D' Aguada fez a primeira viagem depois da sua reparação, com a promessa de que iria servir a ilha de S. Nicolau. Decorrido quase um ano, com certeza que não fez três viagens para a ilha de São Nicolau, se tanto. Os agricultores não fogem à regra quanto às dificuldades no escoamento dos seus produtos, sempre na incerteza de transporte marítimo, num autêntico calvário.
É preciso uma especial atenção à Escola Secundária Baltasar Lopes da Silva que necessita de ser requalificada de modo a acompanhar a modernização das escolas secundárias em todo o país. Por outro lado, a gravidez precoce é uma preocupação nessa escola, o que demanda não só o acompanhamento das entidades competentes, mas também a necessidade de instalação de uma delegação do ICCA na ilha.
Essa intervenção é a manifestação, de forma resumida, mas fidedigna daquilo que foram as manifestações das pessoas que nos pediram uma intervenção enérgica na Casa Parlamentar, porque dizem que a ilha de São Nicolau também faz parte deste país e merece toda a atenção do Governo.